O cartaz Área de uso exclusivo do aluno - e não do servidor, como a versão original - ratifica a ocupação dos estudantes no Campus Pelotas do Instituto Federal Sul-Rio-Grandense (IF-Sul), na praça 20 de Setembro. A manhã desta segunda-feira (17) foi marcada por reuniões de negociação com professores e organização do movimento, iniciado no domingo. Do lado de fora, opiniões divididas: professores, técnico-administrativos e alunos a favor e contra a mobilização.

Do lado de dentro, os jovens fecharam questão: não falariam - oficialmente - com a imprensa nestas primeiras horas de ocupação. "Estamos sendo massacrados. Temos que tomar o território, primeiro, e se organizar. Depois, vamos poder conversar", garantiu uma das líderes da manifestação, ao se pronunciar pelo portão dos fundos, onde os estudantes também mantinham ponto de concentração.

Entenda melhor
O movimento tem objetivo bem definido: fincar posição contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, já aprovada em primeira votação na Câmara dos Deputados na última semana. A PEC do Teto de Gastos, defendida pelo governo do presidente Michel Temer (PMDB), define que as despesas da União só poderão crescer, nos próximos 20 anos, até o limite da inflação do ano anterior. 

 Na prática, Executivo, Legislativo, Judiciário, Tribunal de Contas da União, Ministério Público e Defensoria Pública da União não poderão aumentar suas despesas de um ano para o outro acima da inflação registrada no ano anterior. Em caso de descumprimento do teto, a PEC estabelece uma série de restrições, como a proibição de realizar concursos públicos.

A palavra da reitoria
A vice-reitora Janete Otte confirmou, no final da manhã, que a direção não irá ingressar com pedido de reintegração de posse; ao menos por enquanto. A intenção é de dialogar com os alunos, no sentido de que o acesso possa ser garantido, ao menos, para parte das atividades. "Este é um momento tenso e nervoso, de aprendizado aos jovens, que estão tentando lutar pelo que acreditam", afirma.

Janete Otte fez questão de lembrar que tanto a ocupação quanto a greve dos servidores do IF-Sul, marcada para iniciar na segunda-feira, 24, tem exatamente a mesma motivação. "Eles estão somando forças para defender que estas ações que estão sendo tomadas não estão de acordo com as necessidades da Educação", reitera.

Antes de alterar a Constituição, a PEC 241 ainda precisará passar por segunda votação no plenário da Câmara - o que pode ocorrer no dia 24 deste mês - e por outras duas no Senado.